Ruben Amorim tem andado a levitar. Há estudos científicos assinados pelos investigadores mais conceituados da Universidade da Evidência que comprovam que está feliz. Elogiam-lhe o sorriso compulsivo que escapa ao domínio de quem cumpriu um objetivo de carreira. Mas esses são sintomas que uma paixão recente. Se lhe perguntarem, certamente que em algum momento desde que chegou a Manchester sentiu borboletas na barriga. Não parece ter retraído nenhum desses sentimentos. Aliás, até os utilizou para galvanizar os red devils. Só que há um momento em que, para garantir que a relação dura, é necessário cumprir o propósito da união.
Assim que ocupou o seu lugar na linha lateral, Amorim bloqueou os elevadores dos cantos da boca, trancou o coração a sete chaves e pôs mãos à obra. O efeito animador da sua contratação esfumar-se-ia com um desaire em Portman Road, contra o Ipswich, e o próprio sabia disso.
O técnico de 39 anos manteve-se fiel ao 3X4X3 que assumiu como uma cicatriz no corpo desde que começou a dar nas vistas como treinador. Não estando o plantel do Manchester United montado para corresponder às exigências do sistema, o treinador subjugou as características de alguns jogadores à vontade de implementar a sua própria ideia.